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★ NOSSAS HISTÓRIAS, NOSSA CATALÃO - O processo de industrialização nacional tornou a cidade atrativa para as famílias do campo e a modernização da agricultura, nas terras de São Paulo, ocasionou um êxodo demográfico em direção ao mundo urbano.

Foto: (Reprodução)   



★ MÚSICA SERTANEJA E AGRICULTURA EM GOIÁS...  


(Por Luís Estevam)



Ao longo do século passado,  a agricultura tradicional foi sendo substituída pela agricultura moderna e as relações sociais foram se transformando na mesma velocidade. Na mescla entre o velho e o novo, a música sertaneja se tornou o principal canal de expressão  das mudanças. A interação entre campo e cidade esteve magistralmente cantada nas composições do gênero. 

O fenômeno ocorreu primeiro em São Paulo, onde a modernização agrícola foi pioneira. Depois,  em Goiás, onde o processo foi tardio, mas arrastou o universo sertanejo para Goiânia. 

O mundo rural pode ser compreendido através de suas diferentes maneiras de produzir. Nos tempos antigos não havia separação  entre pecuária e agricultura. Ambas eram atividades complementares e indispensáveis na vida interiorana. Enquanto as lavouras cresciam, havia sempre bois, porcos e frangos para vender ou abater. A criação de gado era extensiva, largada nos pastos, enquanto o plantio e a colheita, na ausência de maquinário, eram realizados através de mutirões nas fazendas. 



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Assim, em um ritmo lento, a agropecuária foi responsável pela sobrevivência de milhares de famílias no interior brasileiro. Pequenas cidades, povoados e arraiais  cresceram à sombra da produção tradicional de subsistência. 

A música caipira externava essa luta cotidiana na terra, onde a vaquinha era sagrada, a honra inviolável, os casos de amor, muitas vezes, desencontrados, assim como também havia majestade nos sabiás e nos canarinhos de peito amarelo  que coloriam a vida na roça. 

O conteúdo das canções traduzia a labuta no campo, a condução das boiadas e os desafios entre violeiros. A forma original de exibição era a dupla de cantores e a viola o instrumento básico na divulgação das histórias sertanejas. O palco dos artistas era nas festas da roça e nos circos que se apresentavam nas cidades. Era o tempo do chamado sertanejo de raiz. 

A partir da metade do século, vieram as primeiras modificações. O processo de industrialização nacional tornou a cidade atrativa para as famílias do campo e a modernização da agricultura, nas terras de São Paulo, ocasionou um êxodo demográfico em direção ao mundo urbano. Houve um forte esvaziamento na área rural e uma transformação na vida de seus habitantes.  



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Nesse ambiente, a música sertaneja foi obrigada a alterar o seu conteúdo. Não havia mais o cotidiano rural para cantar, apenas lamentar. Afinal, de que adianta viver na cidade se a felicidade não acompanhar.

Logo em seguida, a temática caipira se rendeu totalmente à vida urbana. O telefone mudo, o avião das nove, a boate azul, o pagode em Brasília e a vida de caminhoneiro ganharam as paradas de sucesso, liderando o novo espírito sertanejo nas cidades.

Todavia, se o conteúdo das canções mudou, a forma continuou a mesma. As vozes de artistas em dupla e o doído som das violas ainda comandavam as melodias. O uso do chapéu e das botas encontrou nos rodeios um local adequado para exibições.

Logo vieram as primeiras inovações. O rádio alcançou os confins do mundo rural e se tornou um canal de comunicação com as longínquas fazendas e povoados. Apareceram as primeiras duplas femininas, enquanto a harpa, a sanfona e o contrabaixo abafaram os tinidos da viola nos concertos. 
São Paulo se tornou o centro da produção sertaneja do país. As contradições entre o velho, o novo e a explosão demográfica urbana eram bem mais visíveis e palpáveis naquele território. 



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Já no final do século, Goiás se tornou a bola da vez no cenário sertanejo. Tudo começou com a modernização da agricultura  no estado, a partir da década de 1980. Nada foi por acaso. A lavoura se desligou de vez da pecuária,  a especialização se tornou obrigatória no campo, a produtividade virou objetivo a ser alcançado, os tratores substituíram as velhas enxadas e as colhedeiras sepultaram os mutirões de outrora. A terra obteve uma valorização repentina em Goiás, inviabilizando a permanência de famílias no campo. O inchaço urbano alcançou a área central do estado e avançou pelo sudoeste goiano. 

O ambiente musical sertanejo acompanhava de perto o resultado dessas mudanças estruturais na vida dos goianos. Dessa feita, o lamento veio sob a forma do romantismo. De São Paulo a Goiás, entre tapas e beijos, formou-se uma romaria de duplas sertanejas para o novo cenário que se abria. O gênero musical, apesar de sertanejo, se tornou urbano, nas luzes da cidade acesa, e a temática ficou restrita ao relacionamento amoroso. É o amor, que passou a mexer com a cabeça do jovem, e traduzir essa nova tendência. 

A música popular é uma forma de expressão que, para obter sucesso, tem que ser universal. Ou seja, retratar a vida cotidiana e os sentimentos de toda uma população. Se residem na cidade, a essência das canções deve se identificar com o modo de vida dos cidadãos. O boteco, a cerveja, os ciúmes e o lamento passional foram se tornando temáticas preferidas do público e dos compositores. 

Da antiga semente rural sobraram apenas botas, cintos, chapéus e o modo de exibição em duplas. Mas, com a formação de grandes bandas de acompanhamento, até mesmo a apresentação em dupla se tornou meramente um detalhe e a carreira solo foi ganhando cada vez mais espaço. 



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Os investimentos do mercado fonográfico, em Goiânia, fizeram da capital de Goiás o reduto do universo sertanejo. O público jovem, no começo capitaneado por alunos da zootecnia e agronomia, consagrou o gênero musical nos meios universitários. 

Enquanto a agricultura moderna continua avançando pelo território goiano, alcançando cada vez maior produtividade, a música sertaneja segue buscando conteúdos diferentes para apresentar. Mesmo que sejam de pura sofrência.   





 

Fonte: Luís Estevam

 

Esta matéria é em oferecimento de:


 


 

Jean Machado

Engenheiro de Produção. Experiente na indústria Automobilística no setor de BodyShop. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal.

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