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★ NOSSAS HISTÓRIAS, NOSSA CATALÃO - Com o tempo, na confluência daquelas propriedades, nasceu o arraial de Olhos D'água.

Foto: (Reprodução) /Luís Estevam e Academia Catalana de Letras 

Fragmento de uma rica história no "Velho Arraial de Olhos D'Água...

(... Por Luís Estevam ...)


Quando o coronel Marianinho dos Casados, em 1822, adquiriu uma sesmaria e deu início ao desbravamento das terras limítrofes ao rio Paranaíba, não imaginava que estivesse rascunhando uma longa história em Catalão. Em torno da região da Fazenda dos Casados, diversos fazendeiros abriram propriedades e plantaram a semente que deu origem à pequena comunidade rural.

Foto: (Reprodução) /Arraial de Olhos D'água com a capela, a direita da foto, reformada em 1949 

O nome do arraial surgiu naturalmente, inspirado na topografia onde brotam inúmeras fontes de água cristalina: Olhos D'água. 

A partir da metade do século XIX, a região se tornou um reduto do índio João Afonso e do seu bando de familiares. Os bandoleiros não davam sossego aos fazendeiros. Realizavam tocaia, de encomenda, aproveitando-se da proximidade com Minas Gerais para onde fugiam com frequência. Além disso, abatiam reses, espalhadas nos pastos, para alimentação dos comparsas e comercialização da carne. O próprio índio Afonso, sujeito alto e forte, gabava-se de derrubar um novilho somente com as mãos. 

Foto: (Reprodução) /Urias Mariano da Silva  

Não demorou e o bando ganhou vários inimigos que o enfrentavam a bala quando necessário. Conflitos que ocorreram com os fazendeiros de Olhos D'água, Fazenda dos Casados e Sapê. Ou seja, famílias Aires, Mariano e Calaça, pioneiros naquela região.

Com o tempo, na confluência daquelas propriedades, nasceu o arraial de Olhos D'água, bem no limite das terras de José Pedro Calaça, conhecido como Juca Coqueiro, um dos netos do Cel Marianinho dos Casados. Juca Coqueiro, bem mais tarde, em 1939, vendeu a área do povoado para a prefeitura de Catalão que a anexou ao patrimônio municipal. 

Foto: (Reprodução) /Antonio Mariano da Silva

O mesmo havia ocorrido com o arraial da Pedra Branca que foi negociado, em 1919, entre os Ferreira, Lourenço e a Paróquia Mãe de Deus.

Obedecendo à religiosidade dos moradores, a Pedra Branca escolheu, como padroeira, Nossa Senhora das Mercês e Olhos D'água, preferiu o mártir São Sebastião. 

Aliás, um dos grandes benfeitores de Olhos D'água foi Sebastião Sinhá, juntamente com Urias Mariano da Silva. Eram fazendeiros que cuidavam dos moradores do povoado, davam emprego e ajudavam os mais necessitados.

Foto: (Reprodução) /Sebastião Aires de Araújo,  o Sebastião Sinhá

Sebastião Aires de Araújo, o Sebastião Sinhá, era muito rico, de coração bondoso e possuía muito gado. Montou uma pequena hidrelétrica na sua fazenda e estendeu a energia até a comunidade. Como era político, intermediou a criação do grupo escolar, onde a meninada estudava. Mais tarde fundou a escola São Judas Tadeu com ampla cozinha e várias salas de aula.

Muito alegre e comunicativo, Sebastião Sinhá apaziguava desavenças entre moradores, organizava festas em Olhos D'água e mesmo em Catalão onde foi festeiro de Nossa Senhora do Rosário. Como político, foi vereador e vice-prefeito na gestão Jacy de Campos Netto, quando ajudou a promover a primeira exposição agropecuária de Catalão em um parque improvisado perto do Colégio Estadual. 

Foto: (Reprodução) /Escola desativada no Povoado de Olhos D'água

Na década de 1960, Sebastião Sinhá uniu -se à família Ferreira na construção da ponte sobre o ribeirão Ouvidor, ligando a Pedra Branca a Cumari. Da beirada daquela estradinha haviam retirado, em 1914, a Cruz do Anhanguera e levado para a antiga capital de Goiás, trazendo desgosto para toda a população catalana.

Muito religioso, Sinhá promoveu uma reforma estrutural na capela de Olhos D'água, em 1949, que era uma antiga igrejinha de pau a pique.

Foto: (Reprodução) /Primeira comunhão em Olhos D'água  

Todavia, dessa época para cá, diversas modificações econômicas e sociais ocorreram no povoado de Olhos D'água. A comunidade encolheu sistematicamente em função da modernização da agricultura nos arredores e da prática da monocultura. Sofreu um intenso êxodo rural e perdeu muito de suas tradições. Restaram pouco mais de dez casas na localidade.

Até o velho cemitério foi sendo engolido pelas lavouras limítrofes dada a intensa mecanização. As sepulturas antigas, lembranças de um passado nostálgico das famílias Mariano, Aires e Calaça, entre outras, ficaram ameaçadas de extinção. 
Bem verdade que, o cemitério de Olhos D'água carrega um tonel de lembranças. Ali está, por exemplo, Antonio Mariano da Silva, morador antigo que pediu para ser enterrado a 14 palmos de fundura. Além disso, ele mesmo construiu, em vida, um caixote maciço de jacarandá roxo para envolver o seu caixão. Gostava da terra para cultivar, mas não para cobrir o seu corpo. Lá também foi enterrado o jagunço Felipe, morto por Joaquim Mariano, além de outros antigos moradores do arraial.

Foto: (Reprodução) /Capela reformada recentemente em Olhos D'água

Uma pesquisadora meticulosa e dedicada ao levantamento da região de Olhos D'água e Fazenda dos Casados é a professora Kelida Mara da Silva, bisneta do referido Antonio Mariano da Silva. 

Foto: (Reprodução) /Descendentes dos Mariano batendo pasto na região de Olhos D'água

Hoje o povoado encontra-se bastante reduzido e sem perspectivas de sobrevida. Há poucos meses a capela foi novamente restaurada e várias melhorias foram feitas no largo central pela comunidade. A esperança é o renascimento do lugar que experimentou, no passado, um vívido momento de glória.  



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