
Piora da pandemia zera estoques de comida das associações, que veem queda de até 95% nas doações em comparação com 2020...
Após mais de um ano desde o início da pandemia do novo coronavírus, os efeitos socioeconômicos prolongados da tragédia têm zerados os estoques de comida de doações às associações comunitárias e ONGs, que veem de mãos atadas a fome e a miséria crescerem nas comunidades em que trabalham.
Segundo relatos dos líderes, a situação começou a se escalar a partir de 2021, ano em que a pandemia chegou ao seu pior momento, levando à volta de medidas radicais de isolamento social e fechamento de comércios. O Brasil passa atualmente pelo momento mais sensível da doença, que já mata mais de 3 mil pessoas por dia.
Com o prolongamento da crise sanitária, presidentes das instituições de caridade viram as doações caírem em até 95% em comparação com o início da quarentena, em março de 2020.
"Nós distribuíamos cerca de 10.000 marmitas por dia. Passou de 500 a 600 por dia por falta de doação. A gente chegava a distribuir 5.000 cestas básicas por mês, hoje são cerca de 100 a 200 por mês",relata Gilson Rodrigues, presidente da associação G10 Favelas, que reúne mais de 181 comunidades no Brasil.
A demanda por comida, no entanto, só cresceu desde o início da pandemia, enquanto os preços dos alimentos cresceram em mais de 15%, junto ao aumento dos preços do gás de cozinha.
"Já teve família aqui que veio porque não tinha arroz para dar para as crianças. Procuram a gente diariamente e cortam nosso coração, porque a gente não tem nada para dar",diz Janaina da Silva Santos, presidente da Associação Aqualiprof, que atende a comunidade carente do bairro Vila Jacuí na zona leste da capital.
No ano passado, conta Janaina, a associação atendia sem falta de estoque cerca de 5.000 famílias da região. A situação a atinge também outras instituições parceiras.
"Às vezes até associações vem pedir cestas básicas para gente, achando que nós temos",lamenta.
"A gente precisa urgentemente de apoiadores que possam manter durante o ano. A maior parte das pessoas hoje que perderam o emprego estão nas favelas não estão nos setores que dá para trabalhar em casa, é do setor de serviços. Então não tem home office para a favela"
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