Em 2019, foram registrados 2.741 crimes sexuais. Cultura machista é apontado como um dos fatores que dificulta o combate a esse tipo de violência...
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública aponta que Goiás foi o oitavo estado com maior índice de estupro de mulheres em 2019. Segundo o relatório, foram registrados 2.741 casos, o que representa uma média de 7,5 estupros por dia. Cultura machista e impossibilidade de se traçar um perfil do agressor estão entre os fatores citados como dificuldade no combate a esse tipo de crime.
“No dia a dia, o que nós observamos, é que indistintamente todas classes sociais, todas as idades, independente da duração do relacionamento, todos eles são susceptíveis e esse tipo de agressão. É um crime que não tem como distinguir perfil de vítima ou criminoso. É em qualquer faixa etária, qualquer classe social ou cultural. Não há como traçar um perfil onde haverá maior incidência”,disse a delegada adjunta da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam), Aline Leal.
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O número de estupros contra mulheres se manteve praticamente igual entre 2018 e 2019, quando foram registrados 2.755 e 2.741 casos, respectivamente. Para a delegada, isso reforça a dificuldade em se combater esse tipo de violência.
“É preocupante, é alarmante, porque é uma violência que degrada e desestrutura muito a vítima e família. Existe essa cultura machista na nossa sociedade, que fragiliza a vítima, faz com que elas se punam e se considerem como causadoras daquela situação. Toda a sociedade tem que estar engajada no combate a esse tipo de crime”,afirmou.
A delegada explicou que a rede de acolhimento às vítimas de violência, tanto agressões físicas dentro de casa, como em casos de estupro, tem encorajado as mulheres a denunciar mais os crimes. Além das delegacias especializadas, há ainda um local específico na Superintendência de Polícia Técnico-Científica para a realização de exames das vítimas.
A Deam também tem uma parceria com o Hospital Materno Infantil (HMI) para que as vítimas de estupro recebam o atendimento médico e psicológico necessário. O acompanhamento é feito ao longo de seis meses.
Em 2019, foram realizados 378 atendimentos a mulheres. No primeiro semestre deste ano já foram 246. Para a coordenadora do Ambulatório de Apoio à Vítima de Violência Sexual do HMI, a pediatra Marce Divina de Paula Costa, esses dados também revelam que há um número maior de denúncias e busca por atendimento.
“Com o passar dos anos, houve um aumento no entendimento das pessoas, a noção sobre os seus direitos, as mulheres foram, aos poucos, superando a vergonha em denunciar. E também há uma melhoria na estrutura especializada ao atendimento a essas vítimas. Então, esses dados podem revelar não um aumento do número de casos em si, mas uma quantidade maior dos registros”,analisou.
A médica acredita que um maior esclarecimento da população pode diminuir os índices desse tipo de crime. Porém, ela avalia que o caminho ainda é longo.
“Combater esse tipo de crime é difícil porque, para isso, é necessário mudar uma cultura machista, patriarcal, que já dura séculos. É necessário começar a mudar a educação, abordando essas questões de gênero”,completou.
Fonte: G1 Goiás
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