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★ Quantos dias devemos tirar de férias?

Sair de férias é ótimo - mas, em algum momento, todo mundo quer voltar para casa. Será que é porque atingimos nosso ‘ponto de felicidade’?

Sair de férias é maravilhoso. Só de planejá-las já ficamos felizes. Sem contar que os dias de folga podem reduzir o risco de ataque cardíaco e depressão. E, quando voltamos ao trabalho, provavelmente estamos mais engajados e criativos.  Mas quantos dias devemos tirar? Será que podemos aplicar um conceito econômico chamado bliss point (ponto de felicidade ou ponto ideal, em tradução livre), para determinar a duração perfeita das nossas férias, seja festejando em Las Vegas ou acampando nas montanhas?  O conceito de "ponto de felicidade" tem dois significados diferentes, mas relacionados.

Na indústria de alimentos, quer dizer identificar a combinação perfeita de sal, açúcar e gordura para incluir nos produtos, de modo que fiquem irresistíveis e deixem os consumidores apaixonados.  Mas também é um conceito econômico que se refere ao nível de consumo em que ficamos mais satisfeitos, o pico a partir do qual qualquer consumo adicional nos deixa menos satisfeitos.  Com a comida, sabores distintos tendem a sobrecarregar o cérebro, o que pode diminuir nosso apetite, algo conhecido como "saciedade sensorial específica".

Quando se trata de música, nós arruinamos nossas músicas favoritas as ouvindo demais, mudando assim a forma como nossos cérebros reagem a elas.





É possível que, mesmo relaxando na praia ou desbravando novos lugares, a gente possa enjoar de uma sensação boa? 

Por que a dopamina é fundamental

Não dá para ter certeza, mas os psicólogos acreditam que a dopamina - um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer que o cérebro libera em resposta a atividades humanas recompensadoras - desempenha um papel nisso.  As atividades recompensadoras podem incluir ações que sejam biologicamente significativas, como comer e fazer sexo, assim como estímulos como dinheiro, jogos de azar ou estar apaixonado.

A dopamina é conhecida por produzir um estado de bem-estar. E de acordo com Peter Vuust, professor de neurociência na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, desbravar um novo lugar aumenta os níveis de dopamina, porque costuma desafiar as pessoas a se adaptarem a novos ambientes, culturas e rotinas.  Segundo ele, quanto mais complexa for uma experiência, maior é a probabilidade de ficamos "repletos" de dopamina.



Ele explica que a nossa expectativa em relação a experiências prazerosas aumenta os níveis de dopamina, assim como a sensação de familiaridade - voltar a um hotel ou lugar que você gosta, por exemplo. A superfamiliaridade, por outro lado, reduz o prazer à medida que ficamos entediados.

Novidade é bom
Há, no entanto, poucas pesquisas sobre o tema. Jeroen Nawijn, professor e pesquisador da Universidade de Ciências Aplicadas de Breda, na Holanda, diz que a maioria dos estudos sobre felicidade nas férias - inclusive o dele - analisaram viagens curtas de não mais do que duas semanas, uma vez que há poucos conjuntos de dados para estudar.  Sua pesquisa sobre o estado de espírito de 481 turistas na Holanda, a maioria em viagens de 17 dias ou menos, não encontrou evidências do chamado "ponto de felicidade". "Não acho que as pessoas alcançarão o 'bliss point' durante férias relativamente curtas", diz Nawijn.  Mas ele acredita que "definitivamente poderia acontecer em viagens mais longas". Existem algumas teorias de por que isso pode ocorrer. A primeira argumenta que simplesmente ficamos entediados, da mesma forma quando ouvimos a mesma música repetidas vezes.


Um estudo mostrou que entre um terço e pouco menos da metade do aumento da felicidade nas férias é proveniente da novidade ou da sensação de que os estímulos são diferentes da vida cotidiana.  Em viagens mais longas, há mais tempo para nos acostumarmos aos estímulos ao redor, especialmente se ficarmos em um único destino e praticarmos atividades parecidas - por exemplo, em um resort.
Então, mais uma vez, as pessoas podem simplesmente variar as atividades durante as férias para evitar o tédio. É possível aproveitar as folgas por várias semanas se tivermos liberdade e meios para escolher o que fazer, diz Nawijn.  

O que você faz importa
É verdade, sem dúvida, que a nossa percepção de felicidade durante o lazer depende se temos autonomia sobre as atividades que estamos realizando, de acordo com pesquisa publicada na revista científica "Journal of Happiness Studies".  O estudo mostrou que há vários caminhos para chegar ao "ponto de felicidade" neste caso, incluindo atividades que nos desafiam e proporcionam oportunidades de aprendizado, assim como as que têm propósito e significado, como o trabalho voluntário.  Se atividades distintas deixam pessoas diferentes felizes, então, os "pontos de felicidade" provavelmente são bastante individualizados, avalia Leaf Van Boven, professor de psicologia e neurociência da Universidade do Colorado em Boulder, nos EUA.

Ele acredita que as programações podem ser determinantes para os "pontos de felicidade" durante férias. Uma consideração importante, observa ele, é a energia física e psicológica necessária para realizá-las.  Algumas atividades são fisicamente exaustivas para a maioria das pessoas, como caminhadas nas montanhas. Outras, como cair na farra em Las Vegas, são cansativas mentalmente e fisicamente.

Van Boven acredita que se ficamos esgotados nas férias, "os pontos de felicidade podem ocorrer em níveis mais baixos do que as pessoas esperam".  Mas as diferenças individuais são enormes, aponta Ad Vingerhoets, professor de psicologia clínica na Universidade de Tilburg, na Holanda. Segundo ele, algumas pessoas podem achar que passar férias relaxando na praia é enfadonho, e vice-versa.



Escolha seu ambiente
Outro fator importante pode ser o ambiente em que passamos nossas férias. Uma cidade, por exemplo, pode ser estimulante. Mas a aglomeração de gente, o barulho e as luzes noturnas, capazes de afetar nosso sono, podem causar estresse físico, emocional e ansiedade.  "Os constantes estímulos nas cidades podem sobrecarregar nossos sentidos e nos estressar", diz Jessica de Bloom, pesquisadora das universidades de Tampere e Groningen, na Finlândia e na Holanda, respectivamente.  Isso é especialmente verdadeiro se também estamos nos adaptando a uma nova cultura que nos desafia.



Mas, novamente, as diferenças individuais são relevantes. Colin Ellard, professor de neurociência cognitiva da Universidade de Waterloo, no Canadá, diz que, embora algumas pessoas considerem as cidades opressivas, outras podem prosperar nelas.  Segundo ele, os moradores de cidades, por exemplo, podem se sentir mais confortáveis em férias urbanas, já que a pesquisa mostra que temos tendência a gostar de estímulos que são familiares.  Então, observa Ellard, pode ser que as pessoas da cidade estejam tão estressadas fisiologicamente quanto todo mundo, mas não estão cientes disso porque estão acostumadas com o estresse.  "De qualquer maneira, imagino que haja uma diferença demográfica no 'ponto de felicidade' das pessoas", diz ele. Mas a falta de pesquisa nesta área torna impossível ter certeza.

Fonte: G1


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