★★★ Suspensão de
remessas da proteína brasileira ao país asiático após dois casos de vaca louca
ameaça mercado de US$ 4 bilhões ao ano...
O Brasil interrompeu voluntariamente a exportação de carne para a China, seu maior mercado, ainda no começo de setembro, após a confirmação de dois casos da doença em duas fábricas distintas do setor. Depois, porém, mesmo com o controle dos casos no Brasil, a interrupção chinesa foi mantida.
O tema foi abordado pelo Financial
Times nesta semana. Segundo o jornal, o veto prolongado já
preocupa autoridades brasileiras e pode reduzir exportações de aproximadamente
US$ 4 bilhões por ano (equivalente a R$ 21,8 bilhões).
Na última semana, a Organização
Mundial da Saúde Animal (OMSA) concluiu um relatório a respeito dos dois casos
de vaca louca e apontou
que não há risco de proliferação da doença, segundo o professor de economia do
Insper, Roberto Dumas, em entrevista à CNN. A derrubada do veto à carne, no entanto, ainda
não aconteceu.
Com o veto ainda em vigor, Brasília tem visto a preocupação de
autoridades e grandes frigoríficos crescer. De acordo com o Financial
Times, que ouviu uma fonte do Ministério da Agricultura, o Brasil
pediu uma reunião técnica, ainda não agendada pelas autoridades chinesas. E não
há previsão para esta reunião acontecer.
O Brasil é o maior
exportador de carne bovina do mundo.
Entre janeiro e julho deste ano, os
embarques de carne bovina do Brasil para a China alcançaram 490 mil toneladas e
geraram vendas de US$ 2,5 bilhões (R$ 13,6 bilhões), um aumento de 8,6% e
13,8%, respectivamente, em comparação com o mesmo período do ano passado,
segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes
(Abiec).
Ao Financial Times, um
executivo de um grande frigorífico brasileiro disse estar surpreso que a
suspensão tenha durado tanto. Outros países também foram impedidos de
exportarem carne à China e enfrentam vetos semelhantes ao do Brasil.
Após um caso atípico de vaca louca no
ano passado na Irlanda, a China também vetou a carne deste país. Em 29 de
setembro, o país asiático também proibiu carnes de gados com menos de 30 meses
do Reino Unido.
Nos últimos anos, a China tem
revelado uma maior sensibilidade às questões de segurança alimentar,
principalmente no que diz respeito às importações.
No ano passado, Pequim suspendeu as importações de uma série de fábricas
de processamento de carne brasileiras devido à preocupação de que surtos de
Covid-19 nas instalações apresentassem o risco de importar o vírus de volta
para o país.
Alguns analistas brasileiros, ouvidos
pelo Financial
Times, acreditam que a proibição é uma forma de a China obter
vantagem comercial.
“Esse atraso na retomada pode ser uma tática de negociação que visa melhorar a precificação e ganhar poder de barganha. Parece uma coisa mais comercial, porque em termos de saúde não há o que discutir”,
disse Hyberville Neto, da Scot Consultoria, que atua no setor de
carnes e gado bovino.
Na China, importadores disseram que
uma suspensão duradoura da carne brasileira teria um grande impacto, dada a
escala das remessas, mas a maioria espera que o comércio reinicie em breve.
Ao Financial Times, um gerente
da Chengdu Haiyunda Trading Company, que parou de importar carne brasileira
desde a suspensão, disse que a proteína brasileira ocupa até um terço de seu
negócio.
A Chengdu está substituindo a carne
brasileira pela de países do norte da Europa e do Cazaquistão, diz o jornal.
Com o veto, o destino de 100 milhões
de toneladas do produto brasileiro com certificação sanitária anterior à
suspensão do comércio, mas embarcada depois, parece estar retida em portos da
China.
Um consultor da indústria
australiana, ouvido pelo Financial Times, afirmou que
o carregamento provavelmente seria feito através do Vietnã ou Hong Kong, mas
não poderia ser redirecionado para outro país ou retornar ao Brasil.
Segundo ele, a opção de voltar para o
Brasil não vai acontecer, porque esse mercado está supersaturado com carne
bovina. O produto não pode ir para os EUA ou outros mercados devido a
especificações erradas, sem certificados de saúde necessários e com rotulagem
chinesa.
*publicado por Rafaela Lara, da CNN, em São Paulo
Fonte: CNN BRASIL
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